Somos as Tribos-Pássaro, o Clã Solar, os Filhos das Estrelas; lembrados nos mitos africanos da criação, honrados pelos aborígenes australianos, evocados nas tradições folclóricas de todos os povos da terra. Somos a fonte de todo nascer, o meio pelo qual o espírito toma forma neste mundo e em todos os mundos superiores. Individualizados. Inteligentes. Na forma de ser-espírito, somos a influência tangível de um Criador todo-poderoso interagindo num mundo material.Liberando nossas identidades numa explosão de alegria que as traduz em luz, partimos de nossas estrelas-fontes, montados em ondas de luz que cruzam o mar do espaço até alcançarmos este mundo. Cada um de nós partiu de uma estrela diferente. No entanto, nosso ser é a fonte de cada estrela. E naquele Ser somos um.No início, nosso trabalho consistia em catalisar a atividade biológica nos oceanos deste mundo e zelar pelo crescimento e desenvolvimento das criaturas encarnadas. Fizemos isto sob a forma física, mas também na nossa própria forma de seres luminosos de pura luz. Durante todas as épocas iniciais de vida na terra, quando era necessário cobrir-nos de formas físicas, fizemo-lo por um processo consciente de materialização, processo este que nos permitiu, em muito pouco tempo, trazer para dentro de nossos campos luminosos os átomos e as moléculas que nos vestiriam de matéria.
As formas que assumimos durante as eras iniciais eram humanas, porém mais leves e menos substanciais que os corpos que vocês usam hoje. A desvantagem da materialização, contudo, era consumir grande parte de nossa energia e atenção na manutenção desses corpos que nos vestiam. Embora oferecessem a vantagem de serem instrumentos físicos que nos permitiam criar, a manutenção de tais instrumentos era incômoda e dispersiva. Desejávamos dedicar maior atenção às nossas atividades criativas, e bem menos à necessidade de sustentar os corpos através dos quais estávamos criando.
Naturalmente, a solução era criar corpos físicos auto-suficientes, corpos físicos com identidades físicas que cuidassem deles próprios - egos planejados para trabalhar intimamente conosco, tanto na manutenção de nossas projeções humanas como na continuação do trabalho de criação no plano físico.
Aos primeiros humanos biológicos, comunicamos esta mensagem:Nós somos os seus espíritos. É a nossa presença aqui neste vale de rio que os chamou para surgir do solo. Vocês ainda não estão acabados, são incompletos; vocês ainda não são tudo o que podem ser. Uma parte do que são agora é um desenvolvimento na direção certa, mas parte daquilo que vocês pensam ser é apenas parte daquilo que um dia será o pós-parto. Deixem-nos ajudá-los a compreender, para que, ao enfatizar o valor de seus corpos como moradias do
Grande Espírito, suas mentes e seus corações permaneçam abertos à comunhão conosco. Em seu devido tempo, essa comunhão fluirá em união e vocês e nós passaremos a ser um só no plano físico. Unidos, conheceremos o todo.
Uma estrela específica dentre todas as miríades de estrelas que vocês vêem brilhando no seu céu noturno envia o espírito à terra para encarnar na sua forma humana individual. Seu ego é designado para ajudar o espírito (a quem falta conhecimento dos domínios mais calmos) no esforço de permanecer aqui, criativamente encarnado.
Até estarem vinculados com a consciência-estrela, vocês estarão inacabados. Vocês não conhecem ainda a sua natureza, espiritual ou material. Em tempo vocês virão a conhecê-la. Mas, se formos ajudá-los agora a experimentar pacificamente a era que se aproxima enquanto sua espécie se multiplica e preenche a terra, vocês devem se lembrar de honrar os valores de nossos espíritos, assim como nós honramos vocês e seus valores materiais. Com o tempo, estas diferenças desaparecerão, e conhecer-nos-emos como um; mas, por enquanto, devemos continuar pisando leve, oferecendo um ao outro nossa paciência e respeito mútuo.
Os egos dos que se encarnaram primeiro receberam bem esta mensagem. Durante um tempo, estavam plenos de entusiasmo. Amavam-nos sinceramente, e compartilhavam de nosso desejo de ver o sucesso do plano do Grande Espírito.
Todavia, à medida que passavam as luas das primeiras estações, a disposição, entre os seres encarnados, de cumprir criativamente a sua parte, arrefeceu.
O que acontece quando um ator chamado para representar um papel secundário se revolta, e tenta representar o papel principal sem conhecer o papel?
Vocês estavam lá no princípio. Talvez se lembrem.
Entre os primeiros humanos, algumas tribos sentiram que a informação recebida de seus cinco canais físicos de percepção era tão sensacionalmente rica e maravilhosa que, à medida que transcorriam os primeiros séculos passados na terra, foram esquecendo que a percepção também lhes era disponível nas freqüências da intuição e da imaginação. Este esquecimento foi significativo, pois, durante as primeiras etapas da vinculação, a imaginação e a intuição eram os mecanismos de comunicação interior designados a manter cada espírito angélico em estreita e freqüente comunicação com sua projeção humana.
À medida que as primeiras tribos humanas colocavam cada vez mais ênfase no físico, seu comportamento passou a depender mais da prioridade dos sentidos. Com o correr do tempo, alguns egos foram assumindo a autoridade decisória dos domínios do espírito, onde ainda não tinham experiência. Assim, foram atribuindo um valor tão alto aos cuidados do corpo que perderam a visão do motivo pelo qual existiam neles.
Uma minoria visível porém desproporcionalmente influente de seus primeiros ancestrais ficou estonteada com a informação dos sentidos. Comportava-se com demonstrações de crescente indiferença à nossa conscientização e aos planos de instrução que trouxemos do Grande Espírito. A vinculação que deveria ocorrer entre o espírito e o ego não podia acontecer nesse estado. Os egos passaram a ver nossos espíritos como elementos “estranhos”. Esqueceram que espírito e ego são duas manifestações da mesma presença, e que cada corpo humano é criado pela presença, no plano material, de um ser-espírito. Esqueceram que eram reflexos, na matéria, de nossa presença-espírito.
Com o tempo, o corpo e suas prioridades físicas passaram a ser a sua única realidade.
Quando uma certa tribo começou a ver a cooperação com nossa espécie como um trabalho com os espíritos invisíveis de seres não-físicos (que não podiam ver com os olhos, mas que sentiam pousar, como grandes pássaros, nas ramificações de seus sistemas nervosos centrais) reagiram com temor.
Em vez de perceber a serenidade de nossos valores espirituais como uma base profunda de co-criação com seus próprios valores físicos duráveis, os egos da tribo começaram a temer por essa diferença - saudável e bem compatível - entre os dois sistemas de valores. Enfatizaram exageradamente sua função legítima de cuidar do corpo físico e passaram a ver nossos espíritos como uma falta de respeito ao plano físico. Rejeitaram nossos valores espirituais, considerando-os frívolos e irresponsáveis. Identificaram-se com uma parte do enigma, com apenas um aspecto de sua própria totalidade. Não perceberam que, ao fazer isso, estavam de fato rejeitando seus verdadeiros “eus”, escolhendo em substituição identidades fictícias e mortais. Estavam focalizando sombras, não os seres de luz que as criavam.
Percebendo o espírito como uma parte separada deles, os egos se desligaram da orientação interior destinada a guiar a multiplicação e o desenvolvimento de sua espécie na terra. Nessas tribos, a encarnação de nossos espíritos angélicos foi interrompida, a criação humana ficou incompleta. Sem a cooperação dos egos, a vinculação necessária espírito/ego não podia ser efetuada.
A criação humana ainda estava em formação quando os humanos dominados pelo ego fugiram para a floresta virgem. Nós os chamamos:
Não importa o que façam, não interrompam a comunicação conosco! Sem perceberem seus espíritos invisíveis, vocês nunca sobreviverão como seres conscientes na floresta de matéria subconsciente. Vocês não têm uma visão do quadro maior. Por causa das árvores, não verão a floresta. Voltem! Vocês não podem permanecer conscientemente motivados pelo medo. Vocês irão sentir tristeza, sofrimento, e ficar sujeitos à morte.
Mas os egos humanos ignoraram nosso apelo e partiram para os mundos da ilusão. Seus temores causaram turbulência emocional, que pipocava com estática constante, cruzando as freqüências concebidas para nos contatar. A comunicação com eles tornou-se impossível. Tivemos de deixá-los partir. Seu livre-arbítrio era um ingrediente essencial na gestação terrestre maior que estava se processando.À medida que os milênios passavam, os egos centralizados no medo passaram a dominar outras tribos humanas. Iniciou-se a guerra. Egos centralizados no amor foram diminuindo em número. Por fim, a motivação pelo medo tomou o lugar da motivação pelo amor, passando a ser a divindade humana predominante. E não se tolerava nenhum outro deus.
Assim, os egos tomaram o centro do palco da identidade humana.
As implicações provaram ser maiores do que se podia prever. As sociedades humanas, inicialmente ligadas pelas nobres correntes de afeição tribal, começaram a se desestruturar e a declinar. Como a besta emitindo sua ignorância, a selvageria do homem da caverna foi solta na terra. Os planos para o mundo do espírito, as instruções operacionais do Grande Espírito para o uso adequado do corpo humano, foram desconsiderados; o sistema de orientação do mundo entrou em curto-circuito. Nossos sistemas de comunicação, montados para ligar-nos à nossa criação, estavam agora inoperantes. Não nos restava escolha senão guiar as tribos rebeldes externamente e esperar que eventualmente aprendessem.Queríamos ver novamente o nosso povo correndo feliz pelas florestas e prados, criando canções que trariam alegria à terra e às suas criaturas - não lutando na dor, nem construindo suas choupanas ao longo das praias apinhadas do rio. Queríamos ver as sociedades guerreiras pararem de lutar, clamando desesperadamente para as imagens de um Deus agora entalhado em pedra. Queríamos encarecidamente que começassem a ver de novo, com seus próprios olhos, o espírito do Deus vivo que é ao mesmo tempo a Mãe-Terra Criadora e o eterno Fogo Espiritual do Sol. Queríamos vê-los recebendo-nos de volta com boas-vindas para completar o plano de desenvolvimento do nosso mundo sagrado.
Mas seus ancestrais eram difíceis; era difícil atingi-los naquela época longínqua. Porque, quando os seres humanos cortam sua ligação consciente com o Grande Espírito, penetram nos domínios obscurecidos do subconsciente, onde a evolução, a educação e a justiça exatas prevalecem. Os senhores do karma reinam meticulosamente nesses mundos de crepúsculo, como juízes experientes, policiando cada mal, controlando os registros para balanço ao fim de cada época.
A fim de resgatar o maior número possível de seres humanos, sistemas fechados - tribos, nações, e mesmo continentes inteiros - foram isolados para preservar os direitos dos habitantes de escolher suas próprias formas de educação.
Dezenas de milhares de anos passaram, com muitos feitos épicos, muita história e aventura.
Nós, dos domínios angélicos preservamos a harmonia onde pudemos, em tantas terras quanto possível. Durante milhares de anos exercemos uma administração benevolente das raças guerreiras. Muitas tradições ainda se lembram da nossa administração como tendo sido a “idade dos deuses”. Mas, à medida que os ancestrais de vocês se multiplicavam, a linhagem das Tribos-Pássaro foi retrocedendo. Graciosamente, abrimos espaço para o desabrochar do seu ciclo de aprendizagem.Quando as tribos guerreiras se agitavam demais nas suas terras natais, os poucos encarnados, cujos egos ainda amavam e serviam os espíritos de Deus, os povos quietos, pacíficos, foram se espalhando pelas colinas, pelas montanhas e pelas ilhas do mundo. Em algumas dessas tribos estávamos totalmente encarnados. Em outras, o povo procurava nossa orientação, mas nos via como seres exteriores, separados deles. Aos primeiros, guiávamos interiormente; aos segundos, exteriormente. Fizemos a retirada com eles, buscando lugares mais altos e, quando necessário, outros e outros lugares, mais altos ainda. Por fim, os mais nobres voaram aos céus para esperar, preferindo não encarnar.
Contudo, mesmo durante os tempos em que não podíamos encarnar de nenhuma forma, continuamos sempre educando, ensinando e, como vocês verão, influenciando no curso dos eventos humanos.